No dia 3 de Fevereiro de 2013, realizou-se a 7ª Assembleia da Organização da Comissão Concelhia da Guarda do PCP. No decorrer dos trabalhos foram inúmeras as questões levantadas, entre elas, o flagelo da destruição de postos de trabalho, no Concelho da Guarda.
As maiores empresas incidem na área alimentar e do sector eléctrico relacionado com componentes para a Indústria Automóvel. Quer nestes, quer noutros sectores, tem-se verificado e continuam a acentuar-se os processos de encerramento, falência e insolvência de empresas, levando à persistente destruição de postos de trabalho e, consequentemente, ao desemprego que atinge, no final de 2012, mais de 3500 trabalhadores.
No sector do Pequeno Comércio e Restauração cresceu o número de encerramentos de muitos espaços.
A Agricultura Familiar de subsistência reproduz a realidade do envelhecimento e sobretudo a desertificação do mundo rural. A aplicação da PAC traduziu-se no abandono do mundo rural, com implicações no decréscimo de produtores de leite, carne, mas também de batata e cereais. Algumas Freguesias que possuíam grandes áreas de fruticultura, olival, vinha, estão ao abandono.
No plano dos Serviços, a maior empresa empregadora directa e indirecta é a ULS – Guarda. Também o Sector da Saúde se vê fustigado com as sucessivas políticas que reduzem capacidade técnica, material e humana, assim como encerram e/ou reduzem horários dos serviços públicos, e ao mesmo se assiste também na área da Educação, Justiça e Segurança Social, em que o concelho da Guarda não é excepção.
Os trabalhadores confrontam-se com as consequências das desastrosas políticas em todos os sectores, ditadas pelos sucessivos governos do PS, PSD e CDS, com particular ataque do actual governo PSD e CDS, assim como as políticas da União Europeia, avalizadas pelos respectivos Governos, verificando-se quer de um quer de outros directrizes e políticas contrárias ao desenvolvimento do país e, sobretudo, do interior.
Políticas que visam a destruição do Sector Têxtil, Automóvel, Pequeno Comércio, da Agricultura Familiar e que atacam os serviços públicos. Esta realidade reflecte-se nomeadamente na falência de várias empresas têxteis da zona dos Trinta e Maçainhas, tal como o encerramento da empresa Delphi e os vários despedimentos na empresa DURA, criando inúmeras e graves dificuldades aos trabalhadores.
O ataque aos serviços públicos constitui um grave atentado aos direitos das populações e aos trabalhadores da função pública. O governo PSD/CDS agrava o quadro de ataque às funções sociais do estado, com repercussões no desaparecimento de serviços nas freguesias. Um caminho, já iniciado pelo PS, de destruição das estruturas locais dos serviços públicos, apostando na inanição do interior do País, como são exemplo os encerramentos das escolas, postos de correio, postos de saúde, entre outros serviços. A par deste ataque veio recentemente a proposta de reorganização administrativa, que não é mais que um processo de liquidação do poder local democrático saído do 25 de Abril.
O PCP, desde a primeira hora, esteve contra este processo que visa extinguir milhares de freguesias. No concelho, prevê-se acabar com 12 freguesias, o que trará consequências gravosas para a população, com escassez de serviços, de capacidade de mobilidade face à inexistência de transportes que respondam às necessidades e que será um forte contributo para a desertificação e destruição das aldeias.
A destruição de serviços públicos é acompanhada pelas políticas que penalizam as acessibilidades na região, como a introdução de portagens na A23 e A25 que se traduz em mais um peso para os trabalhadores e micro, pequenos e médios empresários ou ainda o desinvestimento na linha da Beira Baixa, com o fim da sua requalificação entre a Guarda e a Covilhã. O fraco desenvolvimento regional, juntamente com a falta de investimento e emprego, têm levado ao crescimento do fenómeno da emigração e êxodo rural, contribuindo para a desertificação. O PCP considera que esta é uma situação que pode ser invertida com políticas que apostem no interior e no desenvolvimento regional, assim como valoriza as diversas lutas dos trabalhadores e das populações na defesa dos seus direitos.
Guarda, 4 de Fevereiro de 2013
A Comissão Concelhia da Guarda do PCP.